sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Casamento






Tudo começou naquele fim de ano que marcava o inicio da contagem regressiva para o meu aniversario de dezenove anos, foi ali, na casa de uma amiga do meu ex que pedi a Deus que trouxesse para mim o homem da minha vida, o marido com quem eu teria aquela vida maravilhosa que só é possível quando se conhece o príncipe encantado que vem montado no cavalo branco e  que te carrega no colo para dentro da casa que vocês construíram juntos e lá dentro você é recebido pelos seus cachorros de raça pura e que fazem suas necessidades apenas quando você sai para passear com eles. Não demorou muito para que eu conhecesse no Bate Papo do UOL o meu príncipe encantado. Ele não tinha um cavalo branco, mas me deu as chaves de sua casa para que eu entrasse enquanto ele ia na padaria comprar algumas cervejas e para que não fossemos vistos juntos, discrição era tudo naquela época, assim como confiança, por que eu como pessoa tímida, respeitadora e totalmente sem noção apenas me sentei no primeiro banco de plástico que encontrei, sorte minha que ele estava próximo as escadas que eu tinha acabado de subir e fiquei lá esperando o príncipe que não tinha cabelos loiros, mas sim negros, os olhos também não era azuis e sim verdes, mas tudo bem, já era algo que eu poderia me gabar. Alguns minutos se passaram enquanto eu ficava imóvel naquela posição sem nem mesmo olhar para os lados, sem reparar nos detalhes, apenas esperando aquele corpo que me serviria naquela noite.
  Depois de alguns comentários, dele, sobre a minha atitude como pessoa de confiança por não explorar a casa enquanto estava sozinho e depois de algumas cervejas o inevitável aconteceu. Transamos, fiquei com as pernas tremendo, depois de alguns poucos meses ganhei uma festa de aniversario naquela mesma residência e estamos juntos a quase dez anos.  Achou muito rápido? Pois é, a vida acontece dessa maneira, quando você menos imagina dez anos já se passaram e adivinha quais planos da adolescência você já realizou? Nenhum. Ao invés disso você se depara com problemas como depressão, um emprego que você não suporta e um cachorro que, mesmo você amando com todas as suas forças, mija em tudo.

    Mas vamos ao primeiro assunto que eu quero tratar nesse texto que é o casamento.

 Para mim o casamento sempre foi a união entre duas pessoas que se amam e que se completam culminando assim numa união perfeita onde ambos os lados se completam, transam todos os dias, são bem sucedidos em suas carreiras, tem filhos, netos e morrem mostrando para todos que eles foram felizes para sempre.
  Ledo engano.
  Primeiramente gostaria de dizer que tive a sorte de encontrar um cara que mentiu a idade no primeiro encontro, mas que me aguenta até hoje com todas as minhas manias e vontades malucas. Ele tem alguns problemas com sua "personalidade forte", tipo aquele cara que esta pronto pra arrumar briga (mas nunca arruma) com o primeiro que o incomode e que fica dias sem falar com você por que foi questionado sobre algumas das suas opiniões. Mas mesmo assim ele me completa, paga muitas das contas do supermercado e me ajuda a sustentar os vícios em tecnologia, cigarro (que paramos), maconha e cerveja.
  Mas nem tudo é perfeito, com o passar do tempo, acredito eu, que por ter de lidar muito com o publico acabei me transformando numa pessoa amarga, rancorosa, mau humorada e pronta para lançar uma patada a qualquer sinal de hostilidade ou pergunta idiota que fosse percebida pelo meu radar, além disso sou Ariano e acredite ou não a personalidade forte que é descrita pelos sites e revistas de horoscopo é verdadeira, só não posso responder pelo meu ascendente e casas adjacentes, pois muito da minha personalidade não condiz com as atitudes esperadas por um Ariano.
  Por muitos anos eu fui uma pessoa tranquila, por isso o casamento se encaminhou numa boa, mas conforme o tempo foi passando, conforme eu fui me informando a revolta começou a tomar conta de mim com mais força do que os hormônios da adolescência e foi a partir desse momento que eu parei de aceitar piadas, comentários racistas e homofóbicos. Foi a partir desse momento que eu comecei a me tornar uma pessoa tolerante com com os racismos e homofobias externas, mas me tornei intolerante quando isso acontecia dentro de casa, acho que foi nesse momento que tudo começou a ruir e a depressão começou.